O retorno do clássico de Tim Burton reacende uma tendência global: a cultura do rebobinar e o consumo guiado pela memória afetiva.

Neste Halloween, um clássico do cinema voltou dos mortos — literalmente. A Noiva-Cadáver, animação de Tim Burton lançada em 2005, retornou às telas brasileiras reacendendo uma pergunta que ronda nossa cultura: por que estamos tão encantados com o passado?
Rewind Culture: quando o passado vira tendência
Do revival das bandas dos anos 2000 aos filtros retrôs nos aplicativos, algo se repete em nossas escolhas: a vontade de reviver — e reinterpretar — o que já foi.
Esse fenômeno tem nome: Rewind Culture, ou Cultura do Rebobinar, e traduz a busca por conforto e identidade em tempos acelerados.
Mais do que um saudosismo coletivo, esse movimento é um espelho do presente. Vivemos uma rotina corrida, com excesso de estímulos e informações, e é natural que busquemos refúgio em momentos que parecem mais simples e familiares. Rebobinar virou quase uma forma simbólica de respirar.
De acordo com levantamento da 3mais, 92% dos consumidores afirmam ser influenciados pelas redes sociais na hora de comprar produtos vintage.
O público é diverso: Millennials representam metade desses consumidores, enquanto a Geração Z já soma 43%. As principais motivações são memória afetiva, vínculo com marcas e conforto emocional.
Quando a nostalgia vira estratégia
Marcas e indústrias passaram a transformar a saudade em estratégia. Esse movimento é conhecido como Economia da Nostalgia — quando memórias se convertem em produtos, experiências e desejos.
As evidências estão por toda parte: reedições de tênis clássicos, relançamentos de filmes, o retorno dos vinis e das câmeras analógicas, e até feirinhas de bairro com estética vintage.
Nos últimos meses, vimos Harry Potter e Shrek 2 voltarem aos cinemas, a febre das câmeras analógicas entre jovens e o sucesso de aplicativos como o Dazz Cam, que simula o visual das filmadoras dos anos 90.
Na Shopee, as buscas por câmeras digitais cresceram mais de 50% desde janeiro de 2024. No TikTok, hashtags como #Y2K, #90saesthetic e #nostalgiacore somam bilhões de visualizações, alimentando um novo mercado de influência visual.
A nostalgia como experiência
Na cultura pop, esse resgate também virou vivência coletiva. Um bom exemplo é a festa POP QUE PARIU, criada pela TAGs e realizada no Rex Bar, em Maceió.
Na edição mais recente, o evento transformou o espaço em um verdadeiro túnel do tempo com uma viagem aos anos 2000 — uma noite de brilhos, coreografias, drinks e hinos que marcaram gerações, de Britney e Rouge a Beyoncé e RBD.
Mais do que um rolê nostálgico, o evento mostra como a memória coletiva se traduz em pertencimento. As pessoas não estão apenas relembrando uma época — estão revivendo o sentimento que ela representa: alegria, liberdade e identidade.
O que move a Economia da Nostalgia
No fundo, o que move tudo isso é a vontade de se reconhecer em algum lugar do tempo.
A nostalgia é mais do que lembrança — é um código cultural que traduz o desejo de encontrar continuidade em um mundo que muda o tempo todo.
Para as marcas, compreender esse sentimento é entender que o futuro não se constrói apenas com inovação tecnológica, mas também com emoção, memória e pertencimento.
A Economia da Nostalgia oferece um mapa claro para quem deseja criar relevância no presente: reinterpretar o antigo sob novas lentes, conectar inovação com afeto e fazer do passado uma ferramenta de significado, não apenas de estética.
Do engajamento à fidelidade
Dados do Spotify indicam que três em cada quatro pessoas confiam mais em marcas que despertam nostalgia, e sete em cada dez se lembram daquelas que marcaram fases importantes da vida.
Quando as memórias se tornam estratégia, o engajamento se transforma em fidelidade.
O futuro nasce das memórias
No fim, o futuro também nasce das memórias.
E talvez o que chamamos de nostalgia seja apenas o nosso jeito de lembrar quem fomos — e imaginar quem ainda queremos ser.
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